Um dia por semana, normalmente às quartas ou quintas-feiras, António Costa poupa-se à viagem de 50 minutos entre casa, na zona de Torres Vedras, e o trabalho, em Oeiras, perto de Lisboa.
Nuno Ferreira Santos
A empresa de António Costa permite-lhe optar um dia por semana, às vezes dois, pelo teletrabalho
Levanta-se cedo, como nos outros dias, e veste-se como se fosse para o escritório, mas com uma excepção: não põe a gravata. "De resto, tenho as mesmas rotinas" - e, depois de as cumprir, isola-se em silêncio numa divisão da casa ("a empregada sabe que não pode usar o aspirador") e liga o computador. Normalmente, acaba por trabalhar mais horas do que faria se tivesse ido para o escritório.
António Costa, 43 anos, trabalha na Oni, uma empresa que arrancou este mês com um programa que permite a alguns trabalhadores optarem por um regime de teletrabalho. O esquema é simples: um dia por semana (às vezes dois) é possível trabalhar remotamente. As segundas e as sextas-feiras são dias proibidos, para evitar fins-de-semana prolongados. Ao todo, cerca de dez por cento dos 280 trabalhadores da Oni ficam um dia por semana em casa.
A experiência de teletrabalho na Oni funciona apenas em “part-time”. Mas, noutras empresas, há quem tenha experimentado trabalhar à distância e não queira agora outra coisa. Com 51 anos, os últimos 27 passados na IBM Portugal, António Santos rendeu-se: "Não sinto necessidade de voltar ao escritório." Hoje, explica, só vai à empresa por uma razão: "Deixar o justificativo das despesas de trabalho." Mas depressa acrescenta: "E também é bom tomar um café com os colegas."
Parte do tempo de trabalho de António Santos é passada em viagens fora do país. Mas as viagens não chegam para tudo e já se habitou a reuniões feitas ao telemóvel e a trabalhar com pessoas cuja cara nunca viu, a não ser em fotografia. "Passo por dia umas seis horas ao telefone. E nessas seis horas falo com colegas de todas as partes do mundo."
Quando não está em viagem, fica em casa, nos arredores de Lisboa. E só vê vantagens: não perde tempo (e paciência) no trânsito, tem mais disponibilidade para a família e até as reuniões por telefone ou videoconferência começam a horas: "Contrariamente ao que acontece nas reuniões presenciais, em que as pessoas vão falando enquanto esperam por alguém, ninguém tem paciência para esperar 15 minutos ao telefone."
Poucos por cá
Profissões como a de tradutor ou jornalista - essencialmente solitárias - já eram facilmente exercidas a partir de casa. Mas os sistemas de
chat
e de videoconferência, os telemóveis onde é possível aceder ao e-mail e à Web, e a restante parafernália tecnológica comum em muitas empresas de hoje permitem o trabalho fora do escritório. Em Portugal, contudo, a ideia não é popular. Um levantamento feito pela União Europeia em 2005 colocava o país praticamente no fundo da tabela, com pouco mais de três por cento dos trabalhadores a exercerem funções a partir de casa (o que incluía
freelancers
e trabalhos em
part-time
). A média europeia ultrapassava então os oito por cento.
Professora no Instituto Superior de Economia e Gestão, Sara Falcão Casaca explica por que muitas empresas estão de pé atrás: "O teletrabalho permanece ainda pouco atractivo para muitos segmentos, que estão apegados a métodos de gestão tradicionais e onde o controlo directo é considerado imprescindível."
Da parte do trabalhador também há obstáculos, sublinha a investigadora. Quem trabalha em regime de
freelancing
, por exemplo, tem de suportar os custos da ligação à Internet (e, em 2008, 51 por cento dos portugueses que não tinham Internet em casa apontavam como problema o preço da ligação).
Por fim, acrescenta Casaca, homens e mulheres têm motivações diferentes para transformar a casa no local de trabalho: eles procuram "maior eficiência, grande concentração nas tarefas e produtividade"; no caso delas, "a opção pelo trabalho surge claramente após o nascimento dos filhos (e quando estes são pequenos), como uma forma de conciliarem uma actividade remunerada com a possibilidade de estarem próximas das crianças".
Ninguém quis
Não ir para o escritório, passar mais tempo perto da família, ter horários flexíveis - são vantagens apontadas por quem experimentou um regime de teletrabalho. Mas nem sempre isto chega para convencer os funcionários de uma empresa. Foi o que aconteceu na Microsoft.
Há uns anos, a subsidiária portuguesa da Microsoft abriu a possibilidade de trabalho a partir de casa. "Em mais de 350 pessoas, ninguém quis", recorda a directora de relações públicas, Patrícia Fernandes. Como resultado, vigora na empresa uma espécie de trabalho à distância não formalizado e alguns trabalhadores podem estar fora do escritório. Foi ao abrigo desta possibilidade que, o ano passado, Patrícia se fechou em casa durante cinco semanas. O objectivo era preparar a visita a Portugal do presidente da Microsoft, Steve Ballmer.
Nas instalações da empresa Patrícia não conseguia a concentração necessária. Em casa, a produtividade aumentou. Exactamente como aconteceu com António Costa, que aprecia a calma do dia semanal que passa fora das instalações da Oni: "Consigo fazer tudo mais rapidamente e de forma muito mais assertiva. Tenho mais paz de espírito, nada de reuniões a interromper-me. Tenho esta necessidade de alguns períodos de tempo em que possa ter mais serenidade."
De resto, e de forma muito semelhante, ambos apontam como grande vantagem o tempo que se poupa. Patrícia Fernandes: "Não há nenhuma razão que me obrigue a ir ao escritório e poupo o tempo da deslocação. Não tenho interrupções. Almoço mais depressa, porque não tenho de ir a restaurante. Trabalha-se muito mais a partir de casa!" António Calado: "Não saio para almoçar. O dia de trabalho prolonga-se, porque não tenho a pressão de ir para casa ao fim do dia. Trabalho dez horas num dia."
Há, porém, problemas. Um deles, nota Patrícia, é a ausência de convívio com os colegas. "Há uma desintegração, há pequenas coisas que acontecem no escritório e que ficamos sem saber. Perdemos isso tudo."
Sara Falcão Casaca observa que existem "razões culturais que explicam o facto de a maioria dos trabalhadores portugueses valorizar fortemente a possibilidade de estabelecer redes de sociabilidade no local de trabalho". Ora, "o teletrabalho é uma modalidade que está associada a um grande isolamento social e as redes de relacionamento virtuais são vistas como complementares, mas dificilmente como substitutas da riqueza das interacções face a face". Para a directora de comunicação da Microsoft, bastaram cinco semanas em casa para que este fenómeno se tornasse claro: "Eu nunca queria fazer isto a tempo inteiro. A sociabilização do emprego perde-se totalmente."
Questão de disciplina
Há dias em que nem sequer sai do apartamento que partilha com a irmã, no centro de Lisboa. Mas não é por opção. Lúcia Mascarenhas, 26 anos, trabalha para o Instituto Camões, a gerir um curso online de português para estrangeiros. Nem sequer lhe deram a opção de trabalhar nas instalações do instituto, quando, há dois anos, lhe ofereceram o emprego, que consiste em administrar a plataforma do curso, preparar os conteúdos e reunir-se semanalmente com os alunos, através do Skype, um popular serviço de chamadas de voz por Internet.
Para Lúcia, trabalhar exclusivamente a partir de casa tem várias vantagens. Uma delas é poder conciliar o trabalho com outras actividades - eventualmente, diz, até um outro emprego, a dar aulas numa escola de línguas, por exemplo. Mas esta modalidade também tem inconvenientes: a falta de contacto com outras pessoas, a inexistência de controlo, a ausência de divisão entre um espaço pessoal e um espaço profissional.
Lúcia foi "arranjando estratégias" para contornar alguns dos problemas. Uma regra é trabalhar na sala e nunca no quarto. Outra é assegurar a disciplina. "Quando se trabalha em casa, há a tendência para se dizer "Já vou trabalhar" e liga-se a televisão ou vai-se tomar um café." E, por fim, faz questão de manter rotinas: "De manhã, tento fazer as rotinas normais [de uma pessoa que sai de casa para trabalhar]. Se não tivermos essas rotinas, não é fácil manter a sanidade."
Também António Santos, da IBM, concorda com a necessidade de regras: "É importante nestas coisas manter uma disciplina, não podemos deixar que o ambiente familiar colida com o ambiente profissional." E António Costa, da Oni, resume o problema: "É preciso ter cuidado. O teletrabalho é sem sombra de dúvida mais produtivo. Mas pode descambar."
Os dias de trabalho de Lúcia estão longe de ser curtos. Em média, seis a oito horas por dia. Por vezes, mais. "Houve alturas em que nem meia hora tinha para almoçar." Ainda assim, no caso de Lúcia, o teletrabalho tem outro problema: "Às vezes, perguntam-me se não quero arranjar um emprego a sério."
Se é finalista e ainda não tem um perfil numa, ou mesmo em várias redes sociais ou profissionais, então anda a esbanjar as hipóteses de encontrar um emprego. Mas tenha cuidado com o que escreve.
Chicago, Estados Unidos, Junho de 2006. O presidente de uma pequena empresa de consultoria que pretendia contratar um promissor recém-formado pela Universidade do Illinois, pensava que tinha descoberto o melhor candidato até que decidiu visitar o seu perfil na popular rede social, Facebook . Entre os seus passatempos favoritos constava: "fumar drogas", "disparar sobre pessoas" e "sexo obsessivo". Por mais promissor que fosse o jovem, a sua candidatura morria ali.
Numa época em que muitos empregadores começam a confrontar os currículos que recebem pelos canais tradicionais (candidaturas espontâneas e respostas a anúncios, por exemplo) com as identidades digitais dos candidatos, os devaneios da juventude podem sair caros.
Para já, os recém-licenciados portugueses que respondam a anúncios da Egor não correm este risco. Amândio da Fonseca, administrador desta empresa de recrutamento e selecção de recursos humanos, garantiu ao Expresso que "não têm por hábito fazer este tipo de verificação por uma razão de ordem ética, visto que as pessoas fazem confidências que podem prejudicá-las".
No caso da Egor, são consultadas redes tais como o LinkedIn, Xing e The Star Tracker, que Amândio da Fonseca apelida de "mais sérias", mas apenas em processos de pesquisa directa, ou seja, quando se trata de encontrar quadros médios, superiores e técnicos qualificados.
Mas se o anúncio tiver a assinatura da Ray Human Capital, ainda que se trate de um processo de recrutamento de jovens recém-licenciados, já é bem provável que as suas "pegadas digitais" sejam vistas à lupa pelos técnicos desta empresa.
"Nos dois últimos processos de recrutamento de recém-licenciados que realizámos para clientes da área financeira e da área da saúde, utilizámos redes sociais", conta Marco Gomes, director de Tecnologias de Informação da Ray Human Capital, acrescentando: "No fundo, temos de saber onde é que as pessoas que queremos recrutar andam e como chegar até eles".
"As fontes tradicionais, tais como os anúncios, já não dão resposta ao que procuramos e em redes como o LinkedIn conseguimos obter alguma informação pertinente", remata.
Em declarações à Lusa, o director regional (para Portugal) da empresa de recrutamento e pesquisa directa, Hays, reconheceu recentemente que "ferramentas como o MySpace, Facebook ou Hi5 podem ajudar a antever a motivação e ambição de um determinado candidato" e a "perceber como é que ele vai encaixar na cultura da empresa, o que é fundamental".
No entanto, assegurou que a Hays "não utiliza essas plataformas para despiste de informações facultadas pelos candidatos", porque "a facilidade com que se pode alterar uma página pessoal torna a fiabilidade do que está na Net muito questionável".
Ainda assim, Duarte Ramos reconhece que as redes sociais poderão funcionar como "ferramenta de captação" das empresas.
É precisamente o que acontece na Fullsix Portugal, uma agência de marketing relacional. Para ultrapassar as dificuldades sentidas na captação de novos talentos, conta ao Expresso Pedro Batalha, um dos seus responsáveis, a empresa segue com atenção vários blogues temáticos e redes como o LinkedIn, The Star Tracker e Facebook, onde também já inaugurou uma página de fãs através da qual pretende continuar a comunicar com antigos colaboradores. Até ao final do ano, a Fullsix Portugal pretende contratar mais sete jovens talentosos.
Serão bem mais os jovens recém-licenciados, sobretudo de áreas tecnológicas, que em 2009 estagiarão na Portugal Telecom através do seu programa de trainees. Este ano receberam cerca de 4.000 candidaturas para 150 vagas. Só são aceites candidatos com média acima de 14 valores e dispostos a submeterem-se a um exigente processo de selecção, contou ao Expresso Ana Dias.
"Analisámos currículos, entrevistas, testes psicotécnicos, mas neste processo não recorremos a redes sociais", afirma a responsável pela área de desenvolvimento e liderança da PT.
"Só recorremos a esse tipo de ferramentas em processos de prospecção de seniores", remata Ana Dias.
Mas o que pensam as universidades sobre tudo isto? Um estudo realizado por alunos do mestrado em Comunicação Multimédia da Universidade de Aveiro concluiu que os estudantes têm tendência para colocar o seu perfil on-line, sobretudo no LinkedIn, mas da parte das empresas há poucos contactos.
Por isso mesmo, Manuel Assunção, vice-reitor da Universidade de Aveiro, afirma que "as redes sociais estão longe de substituir as redes tradicionais e que o intermediário entre o estudante e o empregador, neste caso a Universidade de Aveiro, é muito importante na criação de lógicas de confiança".
Na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, tal como em Aveiro, os estudantes não são estimulados a usarem este tipo de ferramentas, até porque já o fazem, ainda que não seja para procurar emprego.
Fracassada uma tentativa para lançar o currículo em vídeo por falta de adesão dos estudantes, o Gabinete de Saídas Profissionais encaminha-os para a sua bolsa de emprego on-line, um site onde os alunos podem inserir um currículo padronizado e as empresas anúncios e propostas de estágio. Segundo Márcia Gonçalves, responsável por este gabinete, há 3.744 alunos registados nesta bolsa de emprego.
Se no futuro, as redes sociais e profissionais tornarão obsoletos os actuais modelos de recrutamentos de recém-licenciados ninguém sabe. Mas uma coisa é certa: "Quem não está on-line está fora do caminho. Quem está tem mais oportunidades para poder singrar", conclui Marco Gomes da Ray Human Capital.
Fique a conhecer os pontos fortes das redes citadas pelas empresas contactadas pelo Expresso
grads.linkedin.com
41 MILHÕES DE UTILIZADORES
Sinal evidente de que a crise mundial colocou no desemprego milhões de pessoas em todo o mundo, a rede profissional LinkedIn é um dos sites do momento. A cada segundo de passa, garantem os seus administradores, regista-se um novo membro. Em 15 de Junho já eram 41 milhões dispersos por 170 áreas de actividade, em mais de 200 países. Ao contrário do que acontece em redes sociais como o Facebook, Hi5 e Orkut, os perfis aqui criados reproduzem um currículo profissional. A ideia não é partilhar fotos, vídeos ou músicas com amigos e familiares, mas antes estabelecer relacionamentos profissionais que permitam obter um novo emprego ou contactar com possíveis parceiros de negócio. O registo é gratuito, no entanto, para poder aceder ao perfil de uma pessoa fora da sua rede de contactos, terá de fazer uma assinatura.
facebook.com
200 MILHÕES DE UTILIZADORES
Lançado em Fevereiro de 2004 por Mark Zuckerberg, um aluno da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, o Facebook é frequentado por mais de 200 milhões de utilizadores activos. Tratando-se de um site de relacionamento social, oferece a um potencial empregador uma imagem menos formal do candidato. Para tal, muito contribui a possibilidade que o utilizador do Facebook tem de adicionar ao ser perfil dezenas de aplicações através das quais pode partilhar os livros, discos e filmes preferidos e até as cidades que já visitou. Os grupos de que faz parte e os seus sites e blogues favoritos. Informações que, regra geral, jamais serão incluídas num currículo. Acresce que também é possível aceder ao seu perfil através de um endereço personalizado.
xing.com
7 MILHÕES DE UTILIZADORES
Usada regularmente por mais de sete milhões de pessoas em 200 países, é o principal concorrente na Europa do LinkedIn. Tal como acontece no site americano, os utilizadores podem, gratuitamente, inserir o seu perfil, participar em grupos, entre outras funcionalidades típicas das redes profissionais. No entanto, para pesquisar candidatos com qualificações específicas ou para enviar mensagens a utilizadores que não façam parte da sua rede de contactos, terão de subscrever um plano premium. Os membros desta comunidade podem ainda divulgar junto da sua rede de contactos eventos que estejam a organizar, tais como seminários e conferências, feiras e congressos, convidando-os a participar. Segundo os administradores do site, a privacidade dos utilizadores está garantida, na medida em que é possível decidir que dados podem ser vistos e por quem.
thestartracker.com
28.700 UTILIZADORES
Só por convite é possível ingressar na "rede portuguesa de talentos". Criada em Novembro de 2007 por Tiago Forjaz, sócio da Jason Associates, uma empresa de consultoria estratégica, The Star Tracker conta actualmente com mais de 28.700 membros registados em 131 países e 240 cidades, entre os quais o Presidente da República, Cavaco Silva, que apadrinhou o projecto. Direccionada para cidadãos portugueses que vivem ou pretendem viver e trabalhar no estrangeiro, no entanto, 59% dos seus membros são jovens com estudos superiores que moram em Portugal, apesar de já terem tido alguma experiência de trabalho lá fora. Os seus utilizadores, cuja média de idades ronda os 33 anos, podem gerir um perfil, criar fóruns e grupos ou lançar causas.
Artigo publicado na edição do Expresso - Guia do Estudante de 27 de Junho de 2009
A empresa belga Voxtron,especializada em software para contactcenters, abriu um escritório em Lisboa a partir do qual irá operar o mercado ibérico.
A escolha deveu-se ao facto de Portugal ser um mercado bastante evoluído em matéria de contact centers, sendo procurado por multinacionais, que aqui fixam os seus centros de atendimento globais.
Este sector económico é um dos que apresentam maior crescimento na economia portuguesa.
Ricardo Marques, director comercial da Voxtron Ibéria, destacou que «a evolução que se tem verificado na convergência de novas tecnologias obriga as empresas a unificarem cada vez mais as suas plataformas de comunicações».Este responsável chamou a atenção para o facto de esta nova tecnologia permitir «reduzir custos operacionais, criando postos de teletrabalho». Uma realidade ambicionada e emergente no futuro mercado de trabalho.
Na apresentação da empresa em Portugal foram divulgados alguns casos de sucesso.
Um deles foi o da BMW, onde Jorge Branco, director de sistemas de informação, salientou «a melhoria que o agenTel criou no controlo estatístico da performance comunicacional da empresa com os seus clientes».
No mercado europeu, a Voxtron destacou como exemplo de sucesso o Banco Santander Consumer,na Alemanha, que possui mais de 300 canais de comunicação simultânea com 600 utilizadores, para uma média de 600 mil chamadas mês com os seus clientes.
De referir que a multinacional belga iniciou actividade em 1994 com o primeiro sistema de gravação digital para o mercado financeiro, passando de imediato a fornecer plataformas de IVR (interactive voice response) e sistemas de voice mail inteligentes.
O director-geral da Voxtron, Jan Vidts, refere que a empresa começou por desenvolver a plataforma de IVR Telebutler que, «pela sua simplicidade e eficácia, foi um sucesso mundial». Depois lançou um servidor profissional de IVR, o Axxium, e mais recentemente um software de gestão de contact centers, o agenTel, que neste momento é o produto estrela, dada a simplicidade de uso. «Qualquer operador adapta-se a ele em menos de 20 minutos», garante a empresa.
No dia do quinto aniversário, o Google disponibiliza o Gmail Labs em língua portuguesa.
O Google disponibiliza a partir de amanhã o Gmail Labs, em língua portuguesa, que permite aos utilizadores do serviço electrónico Gmail a personalização das suas caixas de correio, através de cerca de 50 novas funcionalidades.
Além do português, o Gmail Labs, desde 2008 em inglês, está agora disponível em mais 48 idiomas, que abrangem os cinco continentes.
O Gmail Labs à escala global é disponibilizado no dia em que o Gmail comemora o quinto aniversário do seu lançamento, que ocorreu a 1 de Abril de 2004.
"O que nós estamos a fazer é pôr à disposição dos utilizadores uma série de funcionalidades novas que eles podem adicionar à sua conta Gmail. Essas funcionalidades optativas que abrangem uma série de questões práticas tornam, no fundo, a navegação e a utilização do Gmail mais fácil de utilizar", salientou Paulo Barreto, director-geral do Google em Portugal, em declarações à Lusa.
Das novas funcionalidades, Paulo Barreto destacou a possibilidade de utilização do Gmail offline. O utilizador pode aceder ao seu e-mail e escrever mensagens, mesmo quando não tem ligação à Internet, sendo que as alterações serão sincronizadas automaticamente assim que voltar a ter ligação.
Uma segunda funcionalidade do Gmail Labs, destacada pelo director do Google Portugal, é a denominada "Tarefas", através da qual o utilizador pode adicionar à sua caixa de entrada uma lista de tarefas a realizar, a partir de um e-mail e fazer alterações a partir do telemóvel.
O Gmail Labs disponibiliza também uma função que permite anular o envio de uma mensagem até cinco segundos após o envio.
Outra função experimental é o detector de anexo esquecido, que previne o envio de mensagens sem anexos, recebendo o utilizador um alerta caso tenha mencionado o anexo sem o ter adicionado.
Paulo Barreto salientou ainda outras "pequenas" alterações que irão permitir "ter mais do que uma inbox a ser visualizada e passar o chat para o lado direito em vez de estar do lado esquerdo do écran", entre outras funcionalidades.
"O filtro do correio vai lhe pedir para fazer uma conta e só se acertar essa conta é que o e-mail vai seguir. É uma funcionalidade para as pessoas não mandarem e-mail fora de horas e, no fundo é só para verificar se as pessoas têm consciência das horas", disse.
De entre a meia centena de funcionalidades, Paulo Barreto, destacou também a que "permite visualizar vídeos do YouTube sem sair do Gmail, sem ter de ir ao site, o poder fazer play no próprio e-mail e a possibilidade das mensagens serem traduzidas, caso sejam recebidas noutra língua", referiu.
Outras duas ferramentas que considera úteis são os "e-mails de resposta pré-definidos que sejam iguais para várias pessoas e as várias caixas de entrada com diversos filtros, que permite separar e-mails de trabalho de e-mails pessoais".
Priberam também em primeiro lugar na pesquisa em espanhol
Lisboa, 18 de Setembro de 2008 - A Priberam, especialista no desenvolvimento de software para o tratamento computacional da língua portuguesa, de ferramentas de informação jurídica e de tecnologia para motores de pesquisa, conquistou o primeiro lugar numa avaliação internacional de sistemas de resposta automática a perguntas.
O sistema desenvolvido pela Priberam, que participa pelo quarto ano na competição organizada pelo CLEF - Cross Language Evaluation Forum (Fórum de Avaliação Cruzada de Línguas), ficou em primeiro lugar entre 21 participantes europeus e dos Estados Unidos da América. A tecnologia desenvolvida pela Priberam, em língua portuguesa, destacou-se entre 11 línguas por ter conseguido responder correctamente a 63,5% das perguntas cujas respostas tinham que ser extraídas de mais 210.000 documentos em português europeu e português do Brasil ou da versão portuguesa da Wikipédia.
O sistema para a língua espanhola, com o qual a Priberam concorre pelo terceiro ano, voltou a alcançar o primeiro lugar para esta língua.
Para Carlos Amaral, Administrador da Priberam "a participação no CLEF tem sido um desafio anual que não só nos tem permitido melhorar a nossa tecnologia e recursos linguísticos pelos cenários criados pelos avaliadores, mas também avaliar externamente o nosso sistema de resposta automática a perguntas. Além disso, os resultados que temos obtido têm-nos dado uma projecção internacional que, nomeadamente, está na origem do convite que nos foi feito para integrarmos o projecto Quaero".
Os resultados foram apresentados e discutidos no Workshop CLEF 2008, que decorre de 17 a 19 de Setembro, em Aarhus, na Dinamarca. A comunicação da Priberam descrevendo o trabalho desenvolvido no último ano está disponível em http://www.priberam.pt/docs/CLEF2008.pdf e faz parte das actas do Workshop.
Os resultados obtidos no CLEF foram divulgados menos de duas semanas depois dos resultados da edição deste ano do HAREM (Avaliação do Reconhecimento de Entidades Nomeadas em Português), em que é avaliado o sucesso na identificação e classificação automática de nomes próprios em língua portuguesa, como por exemplo, pessoas, locais, organizações, acontecimentos, obras e valores. O sistema da Priberam, um dos 10 participantes, alcançou a melhor classificação na medida-F (medida geral que envolve abrangência e precisão) no cenário total, tendo o sistema da empresa identificado 72,29% das entidades. O sistema da Priberam ficou na primeira posição em 13 dos 28 cenários de avaliação.
O sistema de reconhecimento de entidades da Priberam, além de integrado no motor de pesquisa da empresa, é usado pelo Supremo Tribunal de Justiça para localizar e remover de forma automática referências a pessoas e organizações dos textos dos acórdãos antes da sua publicação.
A Priberam é uma empresa especialista na concepção e desenvolvimento de software tendo-se destacado principalmente pelos produtos que comercializa em três áreas: a linguística, as ferramentas de informação jurídica e a saúde. A empresa fornece ainda serviços de consultoria e apoio técnico em regime de outsourcing.
A Priberam, fundada em 1989, iniciou a sua actividade na área das bases de dados jurídicas em 1991 e começou a investir no desenvolvimento de recursos e tecnologias linguísticas para o português em 1992. Só mais tarde é que a empresa marcou presença na área da saúde, com o sistema integrado de gestão de clínicas de oftalmologia OptiX. O principal produto da área linguística é o FLiP, um conjunto de ferramentas linguísticas para uma escrita correcta da língua portuguesa. O LegiX é uma família de soluções para a pesquisa de legislação, jurisprudência e doutrina.
A Priberam foi a primeira empresa em Portugal a ser distinguida como Gold Certified Partner pela Microsoft e é a única que desenvolve software e conteúdos que são incluídos em produtos comercializados por esta multinacional.
Em 2007, a Priberam foi uma das empresas seleccionadas para integrar a Rede de Pequenas e Médias Empresas Inovadoras COTEC.
Para mais informações consulte www.priberam.pt.
Para mais informações contactar:
Inês Saraiva
Media Relations Consultant
YoungNetwork - Marketing e Comunicação
Rua Fernando Vaz, nº 12 - A
1750-108 Lisboa
Tel.: 21 750 60 50
inessaraiva@youngnetwork.net
www.youngnetwork.net
DESCRIÇÃOdo Vídeo: A videovigilância chegou e pelos vistos até já se instalou onde ninguém imaginava. Um passeio pela aldeia de Porto de Rei, em Mesão Frio, pode não passar despercebido. Em redor de uma das casas da aldeia, há câmaras que vigiam atentamente os passos de quem entra na propriedade e de quem passa na rua... (08/05/2007)
DESCRIÇÃOdo Vídeo: Dados sobre pedidos e queixas de videovigilância
DESCRIÇÃOdo Vídeo: A videovigilância não impede assaltos mas pode identificar os assaltantes.
Texto: VER PARA CRER
A Ribeira, no Porto, vai tornar-se a primeira via pública portuguesa com um circuito de videovigilância. O projecto é apenas o mais visível da recente invasão protagonizada pelas câmaras de segurança Hugo Séneca
Nem todos os portugueses serão estrelas, mas isso não impede que, todos os dias, sejam filmados à entrada do local de trabalho, centros comerciais, autoestradas ou condomínios. Os filmes aí realizados estão longe de ter propósitos estéticos muitos limitam-se a captar uma imagem por segundo; outros têm uma resolução que impede qualquer pretensão artística; e, em alguns casos, as câmaras dão a conhecer próprias de filmes de “acção”, mas com consequências tristemente reais.
Uma vez iniciado, este caminho parece não ter retorno: aliados à necessidade, os preços acessíveis e a flexibilidade tecnológica abriram caminho à aprovação do primeiro circuito de videovigilância numa via pública portuguesa mais precisamente na Ribeira, no Porto. «O mercado está a seguir a lógica dos telemóveis. Há uns anos eram enormes e caros. Hoje, são quase de graça e valorizam-se mais os serviços associados», comenta João Ribeiro, director-geral da ADT, uma das maiores marcas de fabrico e instalação de sistemas de videovigilância.
Como seria de esperar, o negócio da ADT e de outras marcas do sector tem seguido as tendências. A título de exemplo, João Ribeiro lembra que, nos primórdios da videovigilância, uma câmara com 50 centímetros de diâmetro e zoom de 10 vezes podia custar entre 10 mil e 11 mil euros. Hoje, uma câmara com 20 centímetros de diâmetro e zoom de 220X custa pouco mais de mil euros. Com os preços a tornarem-se cada vez mais atractivos, a principal barreira à instalação de sistemas de videovigilância ficou ultrapassada. Os fabricantes e empresas de segurança apenas têm de tirar proveito de necessidades e usos há muito identificados pela população. «São as pessoas que estão a pedir estes dispositivos. Quanto mais desenvolvido é o País, maior é a apetência para a instalação de sistemas de segurança. A videovigilância já não é tanto encarada como uma ameaça, mas sim como um meio de protecção», explica Bento Correia, administrador da Vision Box, empresa que surpreendeu o sector com a estreia mundial de um sistema de reconhecimento facial no Aeroporto de Faro, em Julho.
O Reino Unido e os E.U.A. são, por variadas vezes, as “referências” mais evocadas quando se fala de videovigilância. E não é por acaso: no Reino Unido, as câmaras estão presentes em todas as ruas das maiores cidades, bem como lojas ou locais onde nem sempre é fácil separar foro privado do foro público. Nos E.U.A., a mesma proliferação de câmaras de segurança chega para abastecer, com regularidade, programas de TV onde o crime é o tema central.
FILMES DE SEGURANÇA Em Portugal, domina uma visão menos “liberal” que a do mundo anglo-saxónico, que permite a utilização de sistemas de videovigilância em espaços públicos, mas nem sempre chega para evitar abusos. «Trabalho para um fabricante, mas não sou a favor da liberalização total, nem estou de acordo com a possibilidade de tudo ser captado pelas câmaras. O que me preocupa mais é uma lacuna na lei, que permite que qualquer empresa instale um sistema de videovigilância.
Já vi algumas barbaridades, que estão longe de respeitar os princípios éticos. Também já recebemos solicitações de clientes para instalações menos pertinentes. Recusamos sempre; a ADT não faz esses trabalhos», atenta João Ribeiro. O próprio Governo, eventualmente sem o querer, já foi travado em projectos de instalação de sistemas de videovigilância. Em Setembro, a instalação de circuitos de vídeo internos em todas as escolas do segundo e terceiro ciclos do ensino público foi parcialmente chumbada pela Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), que apenas autorizou a captação de imagens nos acessos exteriores dos estabelecimentos de ensino.
No início de 2008, a videovigilância deverá chegar às ditas escolas mas não aos refeitórios, corredores ou salas de aulas. Por motivos mais ou menos similares, o secretário de Estado da Administração Interna, José Magalhães, acusou a CNPD de vetar iniciativas do Governo. Em causa estão dois projectos de videovigilância um no Santuário de Fátima e outro na Ribeira do Porto, onde a recente vaga de violência serviu de mote a um projecto de instalação do primeiro sistema de videovigilância numa via pública portuguesa. A CNPD rejeitou as acusações e lembrou que o atraso nas deliberações (que são vinculativas) apenas se deveu aos atrasos do Governo no fornecimento dos detalhes necessários à análise dos dois casos. Posteriormente, a CNPD acabou por desbloquear um dos projectos, com a aprovação do projecto de instalação de um circuito de videovigilância na Ribeira, bairro histórico do Porto, onde cinco pessoas foram assassinadas nos últimos meses.
Mas este não é caso único no que toca à videovigilância em espaços públicos: hoje, os táxis já podem recorrer a sistemas que transmitem filmes em tempo real, pelas redes de telemóveis (Táxi Seguro). Nas auto-estradas, a utilização de câmaras pelas concessionárias e autoridades já está em curso. Num plano totalmente diferente, a PT cedeu à Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, uma solução para a ala de Cuidados Intensivos Neonatais, que permite que pais e familiares visionem recém-nascidos que se encontram internados.
O QUE DIZ A LEI
Todos os projectos de videovigilância em espaços públicos ou utilizados pelo público têm de ser submetidos ao parecer da CNPD. Ainda assim, há dois cenários a ter em conta: no caso de o sistema de videovigilância estar colocado numa via pública, o pedido deverá ser enviado para o Ministério da Administração Interna, que encaminha, posteriormente, o processo para a CNPD. Todos os casos restantes (escolas, fábricas, lojas, repartições, condomínios) devem ser enviados directamente para a CNPD. Segundo a legislação, não é permitido utilizar as câmaras para obter imagens de foro íntimo ou privado dos cidadãos. Do mesmo modo, as câmaras não podem ser utilizadas como meio de monitorização ou avaliação de um funcionário no local de trabalho (ainda que possam ser utilizadas para controlar valores). As imagens só podem permanecer em arquivo durante 30 dias.
LEGAL OU ILEGAL?
A lei portuguesa impede a utilização de câmaras em situações que violam a privacidade dos cidadãos ou que tenham propósitos de monitorização de trabalhadores ou funcionários.
Ainda assim, estão contempladas excepções: uma câmara pode ser instalada por cima de uma caixa registadora para conferir a entrada e a saída de dinheiro, desde que não filme os movimentos dos funcionários ou dados dos cidadãos; do mesmo modo, as câmaras podem ser instaladas num condomínio, desde que todos os inquilinos estejam de acordo; já foram aprovados projectos em salas de informática de universidades devido aos valores dos equipamentos aí instalados. Antes de aprovar ou chumbar os projectos, a CNPD procede à análise dos espaços e dos usos que lhe são dados, dos meios técnicos e dos propósitos das filmagens. Direcção e posicionamento das câmaras ou tratamento das imagens são outras das vertentes analisadas.
Em 2006, deram entrada na CNPD 2064 notificações com vista à instalação de CCTV. Estes valores dizem apenas respeito aos projectos que se destinam a locais públicos, cujos gestores ou proprietários solicitaram a legalização. O número de câmaras instaladas no País pode ser maior: os locais “privados” não estão obrigados à aprovação da CNPD e não é de descartar a existência de locais públicos que, pura e simplesmente, não se submetem ao veredicto da CNPD.
QUEIXAS E MULTAS
As notificações com vista à instalação de sistemas de videovigilância não têm parado de aumentar nos últimos tempos. Em 2004 foram enviadas para a CNPD 655 notificações; em 2005 o número total subiu para 904; e em 2006 deram entrada 2064 notificações.
Os números de 2007 ainda são desconhecidos, mas os responsáveis da CNPD admitem que tenha seguido a tendência crescente. À proliferação de câmaras seguiu-se um crescendo de queixas. Em 2006, chegaram à CNPD 52 queixas de cidadãos. As autoridades também estão mais atentas a estas temáticas: em 2006 mais de 200 queixas foram apresentadas na CNPD com origem em diligências da GNR e PSP. Os responsáveis da CNPD estimam que também este número tenha crescido em 2007. Os sistemas que desrespeitam a legislação em vigor podem ser punidos com coimas de três mil a 30 mil euros.
Os números de um dos fabricantes ajudam a ter uma ideia mais precisa do actual cenário: Em 2006, a ADT terá instalado mais de 3500 pontos de vídeo em Portugal e em 2007 acredita que este número terá aumentado ligeiramente. Um único projecto pode agrupar vários “pontos de vídeo”, mas também é sabido que há mais marcas a vender soluções de videovigilância em Portugal. Pelo que dá que pensar o diferencial entre as 2064 notificações que deram entrada na CNPD em 2006 e as vendas dos fabricantes…
Até porque, hoje, qualquer pessoa que tenha um PC consegue instalar um sistema de videovigilância básico, com uma webcam de preço acessível. Mas não se julgue que tamanha facilidade fi ca impune, quando desrespeita a lei em vigor: «A PSP e a GNR já estão mais atentas e têm enviado participações quando deparam com situações irregulares. As pessoas também estão mais alertadas e já apresentam queixas», explica fonte da CNPD.
MAIS CÂMARAS, MENOS HUMANOS
O número de câmaras de videovigilância instaladas pode ter aumentado nos últimos tempos, mas o número de humanos que trabalham com elas não seguiu o mesmo crescendo. Pelo contrário: em alguns casos, as instalações dispensam a intervenção humana.
«As comunicações IP e os suportes digitais criaram um leque de novas opções para os clientes e abriram caminho para empresas que não tinham muito que ver com esta área», lembra Bento Correia. Hoje, o “negócio” da videovigilância já não se limita à compra e instalação de cabos e câmaras.
A proliferação de câmaras, imagens e arquivos tornou impraticável a monitorização humana em permanência. Como resultado, começaram a surgir as primeiras empresas que, tirando partido do suporte digital e do IP, desenvolveram software que dota os sistemas de vídeo de alguma “inteligência”. Contagem de pessoas e leitura de matrículas, controlo remoto de câmaras, restrição de perímetros, ou integração com sensores de incêndio, inundação ou intrusão são algumas das funcionalidades monitorizadas automaticamente por software,que estão na ordem do dia.
Nos arquivos, a mudança também foi profunda: «No tempo das câmaras analógicas, sempre que era necessário ver qualquer coisa do passado, passava-se horas a ver cassetes. Hoje, já há sistemas de pesquisa inteligente. Com este processo, o sistema apenas dá a ver as imagens que registam uma alteração de pixéis, podendo definir o mínimo de pixéis alterados para proceder a uma gravação», explica Joel Reis, subdirector da Prosegur Tecnologia. Na Prosegur, todos preferem falar de sistemas de segurança como um todo, mas ninguém nega que a videovigilância é a peça central destes serviços.
Uma visita à Central Receptora de Alarmes (CRA), em Lisboa, confirma este grau de importância: durante os turnos, os profissionais da Prosegur têm vários ecrãs como principal ferramenta de trabalho. O acesso à CRA segue regulamentos estritos o local dispõe de blindagem e as entradas e saídas seguem as rotinas de locais estrategicamente protegidos. O caso não é para menos: a central está conectada, através de encriptação de 96 bits, a sistemas de videovigilância de algumas das maiores instituições e empresas portuguesas e as imagens aí analisadas são consideradas “sensíveis”.
Apesar de a imagem ainda ser a fonte de informação mais valorizada, as câmaras de videovigilância não estão sozinhas nos locais onde operam. «O sistema pode activar a câmara mais próxima de um local onde foi negada a entrada de uma determinada pessoa, por ter um cartão falso, por exemplo.
Também podemos seguir essa pessoa com as câmaras enquanto se desloca no edifício, ou fechar as portas para que não escape», acrescenta Joel Reis. A evolução tecnológica dos últimos tempos aumentou exponencialmente a eficácia dos circuitos de vídeo internos. Hoje, a Prosegur já utiliza câmaras de vídeo de Alta Definição para monitorizar locais onde é manuseado dinheiro. Noutros casos, as câmaras podem ser utilizadas para proteger perímetros uma funcionalidade que permite distinguir humanos, animais ou objecto. Câmaras com detecção de movimento que seguem as passadas de intrusos, inserção de “máscaras” que impedem o visionamento de zonas privadas são outras das opções que já se começaram a banalizar.
A SEGURANÇA VÊ-SE
Na Central Receptora de alarmes da Prosegur, integração é a palavra-chave: o sistema local agrega as comunicações dos mais variados sensores, câmaras analógicas e IP num só módulo que permite fornecer, na hora, o máximo de dados aos profissionais de segurança. Deste modo, o sistema pode estabelecer uma conexão com a central e transmitir um filme, em tempo real, sempre que é registada uma ocorrência classificada dentro de uma hierarquia de importância. A variedade de informação abriu caminho a novas modalidades de negócio: «Estes sistemas permitem desencadear acções concertadas entre os vários dispositivos. O que também pode ser útil para serviços de telemanutenção ou até para despistar falsos alarmes», acrescenta Joel Reis.
O responsável da Prosegur lembra ainda que a integração com sensores e a gestão por software tornou mais efi caz a gestão de ocorrências: «É quase impossível uma pessoa dar conta de tudo quando tem à frente seis ecrãs divididos em quatro janelas».
A CARRINHA DO VÍDEO
Hoje, quase todos os locais podem servir de “base” a uma central de videovigilância móvel.
Na Prosegur, a versão móvel da central de videovigilância é uma carrinha blindada, que está equipada com ecrãs e comunicações por GSM, GPRS, 3G e SMS e que permite a comunicação com câmaras sem fios em frequências acima dos 2,5GHz.
A central móvel pode conectar-se a um número de câmaras ilimitado, mas tipicamente apenas costumam ser utilizadas 16.
A carrinha está desenhada para garantir o isolamento dos profissionais.
Pelo que está equipada com sistemas de ar condicionado, frigorífico e casa de banho.
COMUNICAR É PRECISO
Nos últimos tempos, a videovigilância tem vindo a desbravar novos segmentos. Entre as novidades conta-se a entrada de operadores de telecomunicações . «É um serviço complementar dos tradicionais. Permite utilizações além da típica prevenção de assaltos ou intrusões e até pode ser usado para a monitorização de culturas. Depende muito da necessidade e da criatividade do cliente», explica Mário Peres, responsável pelo Departamento de Parcerias Empresariais da Vodafone. A Vodafone estreou-se na videovigilância em Outubro com SafePack, um serviço que dispensa cabos de telecomunicações e que não exige mais de um dia para ficar operacional. Neste caso, o segredo do negócio reside nas comunicações móveis (3G ou HSDPA). O SafePack pressupõe a instalação de um router que permite conectar até quatro câmaras IP no local a vigiar.
As câmaras gravam filmes para a unidade de armazenamento local, enquanto o router envia, através de comunicações HSDPA, essas imagens para os servidores centrais da Vodafone para efeitos de backup ou acesso remoto. Posteriormente, o utilizador pode aceder às imagens em arquivo, bem como fazer rondas pelas câmaras no momento. O acesso às imagens é efectuado através de um portal específi co, que permite gerir toda a solução. «Um exemplo onde este serviço pode revelar-se o mais indicado: num armazém que não tem cabos de comunicações. Basta que haja electricidade para que se possa instalar o SafePack. Também pode ser usado em obras, com a vantagem de poder ser deslocado rapidamente», lembra Mário Peres.
Apesar de algumas virtudes imbatíveis, o SafePack pode não se adaptar a todos os cenários, o que levou a Vodafone a disponibilizar um aviso aos clientes que lembra o que pode ou não ser feito com este serviço. Igualmente por questões legais, a Vodafone decidiu inserir marcas de água nas imagens, a fim de evitar falsificações.
DENTRO DE CASA, MAS À DISTÂNCIA
Na PT, os serviços de videovigilância estrearam em 2005, com a denominação PT CasaSegura. O serviço combina duas vertentes: alarmes de incêndio, inundação ou intrusão e sistemas de videovigilância com câmaras IP. À semelhança do serviço da Vodafone, a confi guração do arquivo e dos circuitos de câmaras é efectuada através de um portal protegido por sistemas de encriptação. O sistema tem por base as comunicações por ADSL e instalação de um router que pode conectar-se a quatro câmaras. O serviço pode ser comercializado em separado, mas os responsáveis da PT afi rmam que é conjugado com uma central Powermax, que se conecta a sensores de gás, inundação ou incêndio que faz mais sentido.
«A central pode enviar um alarme por SMS ou mensagens de voz. Depois, o utilizador pode conferir o que se passou no portal da PT CasaSegura através das imagens captadas pelas câmaras de videovigilância», explica Turrion Leite, gestor de produto de videocomunicações da PT. Apesar de planeado de origem para o segmento doméstico, o PT CasaSegura não descura as mais recentes inovações. Até Fevereiro, deverão começar a ser disponibilizadas câmaras sem fios, funcionalidades relacionadas com rondas e gravações pelas câmaras de segurança, e o envio de imagens por MMS. A procura registada também justifi ca a aposta, como lembra Turrion Leite: «Temos muitos clientes estrangeiros que têm estes sistemas montados em casas de férias no Algarve»