4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia,...5. Para ter uma ideia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA.Digo a todos estes nossos grupos globais de trabalhadores: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários.Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura colectiva do que eles. Vou contar-vos uma breve história, só para vos dar uma noção...A primeira vez que fui para lá, em 1990, um dos colegas suecos apanhava-me no hotel todas as manhãs. Era Setembro, frio, e a neve estava presente.Chegávamos bem cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, uma manhã perguntei-lhe:- Você tem lugar marcado para estacionar aqui? Chegamos sempre cedo, o estacionamento está vazio e você deixa o carro à ponta do parque.Ele respondeu-me, simples, assim:- É que, como chegamos cedo, temos tempo de andar. Quem chegar mais tarde já vem atrasado, precisa mais de ficar perto da porta. Você não acha?Nesse dia, percebi a filosofia sueca de cidadania! Serviu também para rever os meus conceitos. SLOW vs FAST.Há um grande movimento na Europa hoje, chamado SLOW FOOD. A SlowFood International Association - cujo símbolo é um caracol, tem a sua sede emItália (o site, é muito interessante. Veja-o). O que o movimento SLOWFOOD prega, é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" a sua confecção, no convívio com a família, com os amigos, sem pressas e com qualidade. A ideia é a de se contrapor ao espírito do FAST FOOD e tudo o que ele representa como estilo de vida, em que o americano "endeusificou".A surpresa, porém, é que esse movimento SLOW FOOD serve de base a um movimento mais amplo chamado SLOW EUROPE, como salientou a revista Business Week na sua última edição europeia. A base de tudo, está no questionar da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraponto à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas, (35 h / semana) são mais produtivos que os seus colegas americanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram a semana de 28,8 horas de trabalho, viram a sua produtividade crescer nada menos que 20%.Esta chamada "slow atitude" está a chamar a atenção, até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).Portanto, esta "atitude sem-pressa" não significa, nem fazer menos, nem menor produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção aos pormenores e com menos "stress". Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e real, em contraste com o "global" indefinido e anónimo.Significa a retoma dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do quotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde os seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.Gostaria de que vocês pensassem um pouco sobre isto. Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou "A pressa é inimiga da perfeição já não merecem a nossa atenção, nestes tempos de loucura desenfreada? Será que as nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa", até para aumentar a produtividade e qualidade dos nossos produtos e serviços, sem a necessária perda da "qualidade do ser"?