Ora, o que está em causa num acordo com o Brasil e com os Países Africanos nem sequer é isso. Será excessivo que se deseje formalizar um consenso relativamente a formas ortográficas, tão arbitrárias (e tão legítimas) as nossas quanto as deles?
Importa, porém, não esquecer que estamos numa época de invasões simbólicas, que nos chegam pelas antenas parabólicas, pela informática; entram-nos em casa com utensílios que nos vêm de fora, sem instruções em português (apesar da lei). Há medidas de política linguística que urge tomar; todavia, se defendemos uma mudança, não é porque os brasileiros, pelo facto de escreverem "oxigênio", deixem o ar mais poluído, nem é porque nós, ao escrevermos "quimérico", sejamos menos sonhadores. Que o Brasil tenha já uma forte influência em Portugal não é mérito de um acordo ortográfico, qualquer que ele seja; poderá ser de outros acordos, mas a todos nós, portugueses, compete fazer com que tais influências não sejam unidireccionais.
Verificamos, por exemplo, que entre a definição das novas bases ortográficas e a respectiva ratificação (que se anuncia) decorreram vinte anos. Que foi feito, nesse plano, pelo poder político? Pelas Instituições Académicas? Por acção da opinião publicada ou da pública?
Tem-se considerado esta como uma questão menor. Mas quando, de vez em quando, algum dos Estados de Língua (oficial) Portuguesa vem acenar com a ratificação do "Acordo", sempre que volta a reacender-se as mesmas reacções estocásticas, casuísticas, sem uma envolvente organizada, que possa neutralizar algumas das mais óbvias fragilidades.
Que foi feito? Rigorosamente nada.
publicado por RiViPi às 22:51