Francisco Alves Mendes, mais conhecido como Chico Mendes, nasceu no mês de dezembro de 1944numa povoaçāo da floresta amazónica chamada Seringal. O seu pai ganhava a vidacomo seringueiro, isto é, extraindo latex das árvores da borracha.
Aos nove anos Chico começou a trabalhar na floresta com seu pai porque os donos da terra nāo permitiam ter escolas. Chico não pôdeaprender a ler até aos vinte anos de idade.
Trabalhou para a melhoria das condiçōes de vida dos trabalhadores da Amazónia e criou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Também lutou, com a resistência pacífica, contra os poderosos donos de terra: madereiros, seringais e fazendas de gado.
Nessa época recebeu as primeiras ameaças de morte por parte dos fazendeiros. Foi acusado de subversāo, detido e torturado secretamente, mas foi absolvido por falta de provas. É preciso ter em conta que no Brasil governava uma ditadura militar.
Convertido em simbolo da luta para defender os povos da floresta, Chico Mendes recebeu a visita dos membros da UNEP ( Organizaçao das Naçōes Unidas para defesa do meio ambiente. Foi convidado a fazer denúncias no Congresso norteamericano em Washington. O resultado dessa viagem foi imediato: os financiamentos dos desmatamentos na floresta foram suspensos.
Recebeou reconhecímento e vários prémios em todo o mundo pela sua defesa da ecologia.
Pouco mais de um ano após a sua viagem aos Estados Unidos, acabava de completar 44 anos, quando foi assasinado na porta da sua casa.
Em 1990, o fazendeiro Darly Alves e seu filho Derli, foram julgados e condenados a 19 anos de prisāo, pela morte de Chico Mendes.
Como disse Chico “ No começo pensavam que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensavam que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade”
( copiado literalmente)
David Paniego Ballesteros (Aprendente de Português Língua Estrangeira): dapaba@gmail.com
Desta vez é que foi. O Olhanense ganhou a segunda liga e foi promovido à primeira divisão. É um feito histórico. Para milhares de filhos de Olhão, que nunca tiveram a oportunidade de ver o clube da sua terra a jogar na primeira liga, é um prémio pelo seu apoio e orgulho incondicional que sempre tiveram em relação ao seu clube e, claro, à sua terra. Ainda o Olhanense andava lá pela segunda B, e um pouco por toda a parte - onde filho de Olhão andasse - podia-se ouvir o hino do Olhanense das bocas dos seus fiéis filhos. Um pouco estranho para quem não conhece a génese desta gente. " A nossa força é a nossa história". Sempre a souberam e a respeitaram. E, assim, nunca desistiram de voltar a fazê-la. É um exemplo para todos os portugueses. "Para o ano é que é", assim se dizia. "Não há dinheiro para subir", assim se desculpavam. E isso tudo superou-se e agora é ver para crer. Parabéns Olhanense, Olhão, e filhos de Olhão. A minha alma é a vossa. E para ti, José Afonso (filho de Olhão e sócio do Olhanense) por me teres levado aos jogos desde muito cedo e me teres ensinado a ter amor a este clube.
Mais um dia, mais um ônibus que eu peguei no rio. Um ônibus tranquilo. Estava vazio. A cidade engarrafada como não podia deixar de ser. Viagem demorada. O que fazer? Sem nenhuma mulher por perto pra bater um papo esperto, resolvi escrever um rap a mais mas não estou bem certo sobre o que eu vou rimar
- Diz aí torcador
- Ah sei lá
Então eu vou no instinto. Pego um papel e [vâmo vê] o que é que dá. Foi nesse instante em que eu olhei pela janela e que susto eu levei! Era ela, a inflação, estampada na vitrine, atingiu meu coração e deu vontade de partir pro crime. Porque o que eu quero comprar já não dá mais A não ser que eu faça como fez o Ferrabrás
- Quem?
Então eu tento esquecer. Continuar a rimar. Mas o que eu vejo do outro lado é duro de acreditar. Mas é real e a realidade dói demais.São dois mendigos se matando pelos restos mortais de um cachorro qualquer que foi atropelado. E vai virar rango e se der, talvez seja assado.
- Hmm, esses nojentos gostam disso?
- Não, arrombado! Aquilo é um ser humano que chamaram de descamisado. Um desesperado. Um brasileiro como eu. Que deve sempre perguntar: Será que existe mesmo Deus? Não é o pensador que vai tentar responder. Eu continuo rimando, tentando esquecer porque esse rap não é sobre nada especial. É o rap do 175 que eu peguei na central.
E de repente o ônibus começou a encher. Entrou mais gente. Houve um tumulto. Alguém gritou e eu olhei pra ver.
-Que é que é isso? Que tá pegando? Que que tá havendo?
-É um assalto malandro! Será que você ainda não tá percebendo?
O desespero do trabalhador começou e eu também tentava esconder meu dinheiro quando alguém falou:
-Libera esse aí que é o Pensador, mané!
Mas eles eram meus fãs, então levaram meu boné.
-Autografado, né Pensador, se liga!
Alguns acharam que eu era cúmplice. Quase deu briga. Mas a viagem prosseguiu e os ladrões desceram. E aí a raiva que subiu na cabeça dos passageiros. E o mais injuriado era um bigodudo que tinha ganhado o salário e eles levaram tudo! Entraram dois PM pela porta da frente, estufando o peito e olhando pra gente, impondo respeito. Mas os ladrões já tavam longe. Não tinha mais jeito. Pra piorar levaram o bigodudo como suspeito.
- Ele era preto!
Coisas desse tipo é difícil esquecer mas eu vou continuar porque eu já disse a você que esse rap não é sobre nada especial É o rap do 175 que eu peguei na central.
Agora estamos passando pela praia de Copacabana. Travestis e prostitutas se acabando por grana. E os gringos vão achando aquilo tudo bacana:
-O Brasil é um paraíso! As mulheres são boas de cama.
-Ó gringo não força. Deixa de ser imbecil. Você que vem lá de fora quer entender do Brasil? Ha ..."O Brasil é um paraíso!É mole? E o inferno é onde?!
-Espera aí Pensador!
E por falar em paraíso, Olha que loucura, subiu no coletivo uma estranhíssima figura. Com uma bíblia na mão e uma cara de débil mental, pregando a enganação da Igreja Universal. Ou será que era alguma outra igreja dessas? Ah, não faz mal. Igreja de enganar otário é tudo igual. E o coitado foi soltando aquele papo de crente e eu rezando: Deus me dê paciência! Mas o pentelho desceu pra alegria da gente e na saída do ônibus sofreu um acidente. Se distraiu e foi atropelado pelo caminhão Morreu esmagado com a bíblia na mão.
-É, morreu. Melhor do que viver nessa ilusão. Não queria Deus? Foi pro céu, então.
-Não sei não!
Enquanto todos se benziam com pena do crente, eu fui rimando. Bola pra frente! Porque esse rap não é sobre nada especial. É o rap do 175 que eu peguei na central.
E eu percebi que o trocador ficou fazendo careta Pro coroa que passou por debaixo da roleta. Era um senhor de óculos, barba branca ...
-Ei, Espera aí! Ei, professor O que é que o senhor tá fazendo aqui? Que é que houve? Foi assaltado? Perdeu o dinheiro?
-Não ... É ... sabe o que é que é ... Eu já gastei o salário inteiro!
Hm Hm, mudei de assunto, ele já tava encabulado. No meio do mês o salário dele já tinha acabado. Era o meu ex-professor da escola.
-Coitado!
-Tá fodido e mal pago. Daqui a pouco tá pedindo esmola. Ele é um mestre. Um baú de sabedoria. Esse não é o valor que um professor merecia. Profissional de primeira importância pro nosso futuro. Ninguém mais quer ser professor pra num viver duro. E ele desceu em outra escola pra dar mais aula.
-É que eu trabalho nos três turnos. Chego em casa e ainda corrijo prova!
-Tchau professor
-Tchau Pensador.
Desceu mais um trabalhador que tá numa de horror. Mas esse rap não é sobre nada especial. É o rap do 175 que eu peguei na central.
E nós agora estamos passando pelo bairro de São Conrado. E como o tempo tá fechando eu tô ficando preocupado.
-Ih! Choveu! Pronto, tudo alagado. Uns vão nadando. Outros morrendo afogados. E enquanto na favela tem barraco caindo Não é que passa o Prefeito,nomeado, sorrindo. E se o nosso ex-presidente estivesse aqui. Ele estaria certamente num belíssimo jet-ski. Mas como nós não temos embarcação pra todo mundo. Essa triste situação tá parecendo o fim do mundo. Pra quem tá de carro. Pra quem tá de ônibus. Nessa Rio-Babilônia no Brasil do abandono. E enquanto os governantes vão boiando sorridentes Vamos remando. Bola pra frente porque esse rap não é sobre nada especial. É o rap do 175 que eu peguei na central.
E o pior de tudo é que nessa grande viagem, nada disso do que aconteceu foi novidade. E as autoridades estão defecando pro que acontece ao cidadão brasileiro no seu cotidiano. Porque pra eles isso não é nada especial. No dos outros é refresco. Não faz mal. E fecham os olhos pro que até cego já viu: O revoltante retrato da vida urbana no Brasil! E eu não me refiro ao 175 ou qualquer linha da central. Eu tô falando do dia a dia a qualquer hora em qualquer local.
Um adepto especial entre os 8 mil que assistiram este domingo, no Estádio José Arcanjo, à vitória do Olhanense sobre o Santa Clara (1-0), Manuel Cajuda percorreu o país inteiro para apoiar a equipa da sua terra, prometendo “andar com Jorge Costa ao colo”, quando a subida estiver garantida.
O técnico do Vitória de Guimarães e ex-técnico do Olhanense, entre outros clubes algarvios, confidenciou, com “lágrimas nos olhos”: “Seria imperdoável não fazer 600 km para apoiar o clube da minha terra.”
Cajuda, impressionado com o estádio cheio, recordou a época em que subiu à Liga Sagres, no comando dos vimaranenses: “Quando subi com o Vitória, também festejei em Gondomar e espero que o Olhanense faça o mesmo.”
Os elogios surgiram para Jorge Costa: “Fez um trabalho que merece respeito e vou ter de andar com ele ao colo, pelo bem que fez ao clube da minha terra.”
“Vou ter um orgulho imenso em jogar aqui na Liga Sagres”, rematou o técnico algarvio.
Madrid, 14 Fev (Lusa) - Os governos de Portugal e de Espanha e as autarquias de Madrid e Lisboa já estão a negociar para a possível implementação, entre 2009 e 2010, de centros ou espaços culturais recíprocos nas duas cidades, disse à Lusa o ministro da Cultura.
José António Pinto Ribeiro, de visita a Madrid, explicou que responsáveis dos dois países já começaram a analisar edifícios, nas duas cidades, que podem servir para instalar um centro da cultura espanhola em Lisboa e um centro português em Madrid.
O projecto poderá acabar por se concretizar, em 2010, aproveitando a celebração dos 25 anos de cimeiras ibéricas e de adesão dos dois países à União Europeia.
Da parte do governo espanhol, o objectivo tem sido o de ampliar as instalações do Instituto Cervantes em Lisboa, num momento em que a entidade portuguesa quer expandir a projecção da língua e cultura espanholas em Portugal.
No sentido inverso, responsáveis portugueses debatem, há muito, a criação de uma presença cultural portuguesa permanente na capital espanhola que poderá ou não funcionar ligada ao Instituto Camões.
Uma das opções que se tem debatido nos últimos meses centra-se na instalação de uma estrutura parecida a uma Casa de Portugal, de várias valências, e onde poderiam vir a ser instaladas algumas instituições portuguesas.
O ministro da Cultura recordou que Portugal e Espanha continuam a aproximar-se cada vez mais, com um relacionamento que se alterou profundamente, tanto a nível bilateral como na sequência da adesão europeia.
Actualmente e a par dos eixos da Europa e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Espanha é o terceiro "eixo natural" do relacionamento externo português.
Neste capítulo, acções culturais continuam a assumir um papel de destaque.
Ora, o que está em causa num acordo com o Brasil e com os Países Africanos nem sequer é isso. Será excessivo que se deseje formalizar um consenso relativamente a formas ortográficas, tão arbitrárias (e tão legítimas) as nossas quanto as deles?
Importa, porém, não esquecer que estamos numa época de invasões simbólicas, que nos chegam pelas antenas parabólicas, pela informática; entram-nos em casa com utensílios que nos vêm de fora, sem instruções em português (apesar da lei). Há medidas de política linguística que urge tomar; todavia, se defendemos uma mudança, não é porque os brasileiros, pelo facto de escreverem "oxigênio", deixem o ar mais poluído, nem é porque nós, ao escrevermos "quimérico", sejamos menos sonhadores. Que o Brasil tenha já uma forte influência em Portugal não é mérito de um acordo ortográfico, qualquer que ele seja; poderá ser de outros acordos, mas a todos nós, portugueses, compete fazer com que tais influências não sejam unidireccionais.
Verificamos, por exemplo, que entre a definição das novas bases ortográficas e a respectiva ratificação (que se anuncia) decorreram vinte anos. Que foi feito, nesse plano, pelo poder político? Pelas Instituições Académicas? Por acção da opinião publicada ou da pública?
Tem-se considerado esta como uma questão menor. Mas quando, de vez em quando, algum dos Estados de Língua (oficial) Portuguesa vem acenar com a ratificação do "Acordo", sempre que volta a reacender-se as mesmas reacções estocásticas, casuísticas, sem uma envolvente organizada, que possa neutralizar algumas das mais óbvias fragilidades.
Uma mudança ortográfica justificar-se-ia, em nosso entender, houvesse ou não houvesse Brasil, houvesse ou não houvesse Países Africanos. Uma reforma ortográfica justifica-se, numa dimensão intra-sistémica, para manter o equilíbrio de um dado sistema. Intervenções ortográficas são defendidas desde há séculos, desde épocas em que o Brasil tinha um peso negocial insignificante.
A maior intervenção ortográfica teve lugar em 1911, dinamizada por uma comissão de ilustres filólogos (D. Carolina Michaelis de Vasconcelos, Gonçalves Viana, Candido de Figueiredo, Adolfo Coelho, Leite de Vasconcelos, José Joaquim Nunes e outros...) e o Brasil (mal na nossa opinião) não foi sequer consultado (só em 17 de Janeiro de 1912 a Academia Brasileira seria convidada a participar nos trabalhos). Apesar desse grave "incidente", houve no Brasil vozes favoráveis à adopção da Reforma (Anternor Nascentes e Sousa da Silveira são dois ilustres exemplos). O desacordo estava, porém, criado e era da nossa responsabilidade.
A Júlio Dantas devem-se os passos mais significativos no sentido de se chegar a um "acordo" com o Brasil que pudesse atenuar o "abismo" então criado. Tal acordo, ratificado em 1931, teria um percurso conturbado, pois o Brasil iria oscilar entre adopções e rejeições sucessivas. A tentativa mais conseguida iria decorrer em 1945, e a ela nos referiremos adiante.
Do que ficou dito, parece natural a reacção brasileira. Todavia, o problema deve ser visto sob um ângulo diferente. Uma reforma ortográfica tem razão de ser, como dissemos, por razões de política externa, certamente; mas justifica-se principalmente por razões internas do próprio sistema linguístico. Mesmo que não houvesse outros países, uma reforma ortográfica impor-se-ia por razões que avançámos já num outro trabalho*.
Temer que Portugal seja invadido culturalmente pelo Brasil parece-nos um receio injustificado. Por um lado, é ter Portugal e os portugueses em bem pouca conta e, por outro, é ter da cultura portuguesa uma visão excessivamente negativa. Foi sempre esse o argumento mais forte dos puristas contra os estrangeirismos(cf. Rodrigues Lapa, 1977) e, no entanto, foram muitos desses estrangeirismos que emprestaram à nossa língua muito do vigor que ela hoje tem. Portugal já foi invadido várias vezes e não pode dizer-se que a nossa cultura tenha sido destruída. Poderemos nós ignorar as contribuições do árabe, do castelhano, do francês, do inglês, do germânico?